sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Estranhamento


Que estranho é olhar para dentro de mim mesma, para variar. Foi pedido que eu disserte sobre algo que me causasse um estranhamento, e no momento não há exemplo melhor do que eu mesma. A sensação de encontrar um vazio preenchido dentro de mim é diferente, incomum. Dentro de mim posso encontrar os mais variados segredos, que eu mesma desconheço.

Mais estranho ainda é mal conseguir me reconhecer. Parece que por dentro e por fora sou duas pessoas completamente diferentes, e ao mesmo tempo eu sou estas duas. Não ter idéia de qual é o meu sonho ou quais são minhas verdadeiras vontades torna-me comum, e estranhamente me acomodo a isto, ao invés de correr atrás. Não sei se é por medo, ou pura preguiça. Ainda está alheio a mim.

Dentro de mim vejo uma garota alegre e apaixonada, mas que estranhemente não se deixa convencer de que carrega sempre a tristeza consigo, mesmo que pese. Às vezes até demais. A sensação que sinto é que eu não me sinto. É desconhecido o meu interior, talvez porque eu não procure me refugiar mais nele. E assim, nem eu mesma me reconheço mais. Que estranho é...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Chaos

Me sinto estranha. Sozinha. Minha mãe agora deu para começar a me esculhambar, e ontem foi o dia mais longo da minha vida. Ela está, de certa forma, com algo distorcido na cabeça dela em relação a mim. No sábado tivemos uma briga terrível, por pura besteira. A culpa não era exatamente minha - e sim do meu irmão - mas ela jogou tudo para cima de mim. Me chamou de petulante, metida, que só quero é ficar soltando ordens pela casa, que fico agindo como se fosse a hóspede daqui. "Tu viu no que tu tá te tornando, menina?!". Eu vi no que ela está me tornando.
Tudo o que eu faço nessa casa é baixar a cabeça, ouvir as ordens de minha mãe e obedecê-las. De alguma forma, isto está me tornando uma pessoa arrogante, só não sei como. De acordo com a minha própria mãe, estou agindo dessa forma porque quero forçá-la a satisfazer as minhas vontades. Não sei daonde ela está tirando tudo isso.

Ela, ontem, me disse que eu estava me fazendo de vítima. Eu estava calada na mesa do almoço, não comi muito, e ela veio mexer comigo. E eu não tinha feito nada! Só porque eu estava com uma cara meio "deprimida", digamos - mas também, eu tinha justificativa para isso, do jeito que ela anda me tratando - ela diz que eu estou tentando me fazer de vítima para todo mundo. De coitadinha. Eu só fiz levantar minhas mãos - como se um policial tivesse chegado para mim e dito "mãos ao alto" - e dizer "peraê mãe, eu tô aqui na minha. Tô quieta na minha". E ela só fez responder mais uma vez dizendo que é exatamente isso, eu só tô na minha, agindo como a hóspede da casa!

Eu talvez saiba mais ou menos o que fez a minha mãe tomar essa posição tão agressiva em minha relação. Não que eu a tenha provocado ou algo do tipo, já que tudo o que ela diz para fazer eu faço de cabeça abaixada. Eu não tenho agido muito bem com ela ultimamente, mas não tenho a desrespeitado. E ela acha que eu só faço isso por implicância por querer que ela atenda às minhas vontades. Eu sei que sou mimada, mas não a esse ponto. Nunca.

Ela me chama de tudo aquilo, mas é como se ela descrevesse meu irmão. Ele, sim, a desrespeita. Tudo o que ela diz não surte nenhum efeito nele, ao contrário de mim. Ela me disse as coisas no sábado, e eu passei o domingo na cama, repassando várias e várias vezes o que ela tinha me dito. E sobre meu irmão, também. Eu sempre soube que ele era um mau-cárater, mas no sábado, durante a briga da minha mãe, eu estava morrendo de chorar e implorando para meu irmão me ajudar - só faltava me ajoelhar - e ele nem piscou. Só disse "te vira", e me ignorou total. E a culpa daquela briga toda era dele! Nessas horas eu vejo o quanto eu estou certa a respeito dele. E isso é tão decepcionante.

Daqui a pouco minha mãe vai me botar em um psicólogo, já estou vendo. Do mesmo jeito que ela fez com meu irmão. Mas quem está com problemas é ela. Claro, eu tenho os meus, mas não a esse ponto.
A coisa está um caos aqui em casa.