quarta-feira, 26 de agosto de 2009

"Mas é algo intuitivo, meu instinto de mãe, sabe? Você tem que entender..."

Nessas horas eu me pergunto até quando eu vou aguentar ouvir sempre a mesma ladainha.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dramaqueen.

Odeio como as coisas estão indo aqui em casa. Ao mesmo tempo, estou amando como tá indo na faculdade. Fiz amigas realmente especiais, que gostam realmente de mim, com quem posso ser eu mesma. Isso faz tão bem.

Ando me desentendendo muito com minha mãe. Não consigo mais permanecer no mesmo espaço que ela e relaxar. Nós duas temos pensamentos muito diferentes, discordamos muito uma da outra. Ela tem uma mania irritante de tirar suas conclusões e deixar de tentar me entender, porque ela acha que já sabe de tudo. Obviamente eu também tenho minhas manias irritantes. Mas ela não consegue me enxergar. É óbvio que não está tudo bem entre nós, mas ela continua tentando agir normalmente. Antigamente, nós tínhamos uma briga mas logo tudo ficava bem. Hoje em dia, não mais. Pelo menos para mim. Eu não consigo mais permanecer no mesmo ambiente que ela, é quase como se eu tivesse criando uma repulsa. E eu não quero isso, mas também não consigo controlar. E ela também não ajuda. Fica me acusando de fazer coisas que eu não faço, e quando eu nego, ela me chama de mentirosa. Ela fica me tratando feito uma criança, tentando controlar tudo da minha vida, e isso realmente me irrita. Eu cheguei a conclusão que, desde sempre, toda vez que eu vou perguntar para ela se posso fazer alguma coisa (como sair com os amigos, dormir na casa de alguém, etc) ela sempre me dá uma dessas três respostas: "Não tem necessidade" - Que eu, por acaso, sempre respondo que não quero por necessidade, e sim porque eu QUERO fazer aquilo -, "Você não tem idade para isso" - Ela passou a vida me falando isso, e agora, eu tenh 18 anos, e ela continua com a mesma ladainha - e "É meu instinto de mãe". Tudo bem, dizem que instinto de mãe nunca erra. Mas para tudo o que eu quero fazer, esse instinto dela vai e "alerta" a ela que algo errado vai acontecer? SEMPRE?

Minha mãe acredita que só por que sou uma filha obediente, responsável, eu vou aguentar tranquilo tudo o que ela me impor. Eu lembro que quando eu tinha uns 12 anos, eu ganhei aquele livro "Tudo o que uma garota deve saber", e o li inteiro. Nele dizia que, se você quisesse mais liberdade, se quisesse conquistar a confiança de seus pais, você tem que começar fazendo o que eles querem, para ir conquistando-os, e depois pode ir negociando mais para o seu lado. Como por exemplo, quando eu fui para o mucuripe pela primeira vez eu tive que voltar meia-noite para casa. E ela só me deixou ir quando eu tinha 15 anos, onde um monte de gente antes do 14 já frequentava. Ela só foi maneirar minha hora de voltar agora, que da última vez que eu fui eu voltei cinco e meia da manhã. Mas só para isso que deu certo agir da forma que esse livro instruía. Não serviu para mais nada. Minha mãe continua não confiando em mim, controlando minha vida (por exemplo, se eu saio de casa para ir à PADARIA sem avisar a ela, tô frita), e isso realmente está me irritando. Estou cansada de receber sempre as mesmas respostas e ter de aceitar, porque minha mãe não é do tipo que negocia.

Tudo bem, ela é minha mãe. Ela que paga as minhas contas, também. Eu realmente devo a ela satisfações. Tenho consciência disso. Mas ela exagera! Chega a ser tão irritante. E ela implica com tudo em mim. Todo dia ela repete as mesmas implicâncias. Com o meu cabelo, a minha alimentação, o meu estudo. Ela diz que meu cabelo é horrível, eu me alimento terrivelmente e sou muito ociosa. Tirando outras coisas, é claro.

Hoje mesmo tive uma confusão com ela, e não foi muito agradável. Ela é muito irritante. Ao invés de vir conversar comigo para ver se eu tinha algum problema, algum motivo por estar agindo do jeito que estava, ela fez o contrário. Me acusou, me proibiu e simplesmente não quis nem saber de me ouvir. Uma mãe deve mostrar qual é o seu devido lugar. Mãe é mãe, não amiga. Mas ela precisa agir desse jeito? Ela estaria perdendo moral se viesse com mais calma, conversar comigo? Eu acho que não. Para mim, ela perde a moral dela quando ela faz o que faz. Porque eu não quero conversar mais, não estou disposta mais a ouvi-la, e a gente pega briga. Se eu a questiono, se eu brigo com ela, quer dizer que ela meio que tá sem moral, né? Se eu aceitasse, não necessariamente concordasse, a moral dela estaria lá em cima.

Como já disse antes, eu sou obediente. Sou responsável. Claro que já fiz minhas coisinhas escondida, mas nada de mais. O fato é que nos últimos meses, tenho feito tudo o que ela quer - a maioria sem questionar - para ver se ela libera melhor para o meu lado. Mas ela não me entende, e simplesmente parece não estar disposta a isso. Ela se isolou no mundo dela, com o novo namorado e o trabalho. Até os meus irmãos. Eu simplesmente não me encaixo mais nessa casa, nessa família. Eu não tenho mais o prazer de chamar minha própria casa de lar. Por mim, eu passaria a maior parte do meu tempo longe daqui. E quando estou aqui, fico trancada no meu quarto.

Desde o início eu tinha conflitos com meu irmão. Agora, estou tendo com minha mãe. Até a minha irmã está meio que conflitando comigo também. Agora são eles três de um lado, e eu aqui sozinha do outro.

sábado, 8 de agosto de 2009

Auto-Destruição.

Final do mês de Fevereiro, tarde da noite. Em um cruzamento, houve um acidente. Dois carros chocaram-se, ambos em alta velocidade.
Olhei para os lados, meu olhar aterrorizado. Vi que estava no meio da rua, e tentei lembrar o porquê. Nada me vinha à mente. Tentei falar, mas, por alguma razão, minha voz não saia. Sentia meu corpo inteiro doer, e quando tentei me mexer a dor tornou-se insuportável. Achei mais sensato ficar quieta.
Lembrei-me, então, que havia saído com uns amigos, para nos divertir um pouco. Um líquido quente escorria pela minha testa. Onde estava todo mundo? Recordei-me, então, do acidente. Meu amigo havia bebido demais, mas insistiu em dirigir. Fui tola ao deixá-lo fazer isso. Mas, que poderia eu fazer, uma menor de idade? Se não chegasse em casa à hora marcada minha vida estaria acabada. Mas esse parecia o menor dos problemas no momento.
Meu lábio inferior ardia demais, e sentia o gosto amargo de ferro na minha boca. Vi algumas pessoas rodeando-me. Estavam muito altas. Oh, claro. Eu estava jogada no chão. Aqueles olhares curiosos sobre mim me faziam sentir mal. Sentia um embaraço enorme, uma sensação de inferioridade tomava conta de mim. "Tadinha", ouvi alguém dizer. Lancei-lhes um olhar pedindo socorro, mas ninguém parecia realmente estar olhando para mim. Só estavam satisfazendo sua curiosidade.
Perguntei-me onde estaria minha mãe. Havíamos tido uma briga mais cedo, justamente por causa desse maldito horário. Saí com raiva, bati a porta. Xinguei-a de nomes que me arrependo de ter dito. Porém, o remorso tomou conta de mim na hora da festa, e eu não me deixei ingerir uma gota de bebida alcoólica. Como fui tola! Repito mais uma vez. Lembrei-me, então, do motorista, e tentei forçar o olhar para ver se o encontrava. Dobrar o pescoço causava uma dor dilaceramente, mas isso foi o mínimo ao ver o corpo de meu amigo estirado no chão, à alguns metros de onde eu estava. Não dava para vê-lo direito por causa das pernas das pessoas que me rodeavam, mas podia-se notar que não se mexia. Meu rosto encharcou-se em poucos segundos, e as lágrimas faziam as feridas do meu rosto arderem ainda mais. Um barulho ensurdecedor preencheu os meus ouvidos, e notei que era o da ambulância que se aproximava para me socorrer. "Ainda bem", pensei. Não aguentava mais aqueles olhares por cima de mim, parecendo como agulhas cutucando os meus machucados. Fechei os olhos e desejei estar junto de minha mãe. Desejei que meu amigo só estivesse dormindo ali do lado, que ninguém mais tivesse se ferido naquele terrível acidente. De repente, uma luz branca surgiu no horizonte, eu ainda estando de olhos fechados. Respirar tornava-se cada vez mais doloroso, e alguma coisa me dizia que eu deveria abrir os olhos. Mas eu não podia. Aquela luz era por demais atraente. Era calorosa, bonita. Desejei aproximar-me mais dela, e assim feito. Ela estava tão próxima que acreditava que, se estendesse a mão, poderia tocá-la. Tomei a iniciativa de fazer isso, quando senti uma enorme pressão sobre o meu peito, como se eu tivesse acabado de enfiar o dedo na tomada, e a descarraga elétrica se direcionasse apenas àquela região. Mais uma estocada. A luz afastou-se. Estocada. A luz perdeu um pouco de sua textura. Choque.
Abri os olhos, mas fechei-os logo em seguida. A claridade machucava meus olhos. Arrisquei abri-los mais devagar, para me acostumar com a forte luz. Estava deitada em uma cama branca, rodeada de paredes brancas. O primeiro pensamento que me veio a cabeça foi que eu estava morta, mas, quando notei, estava rodeada de pessoas com vestes verdes-claro. A expressão em seus rosto era de alívio. Tentei retribui o sorriso deles, mas nem consegui abrir a boca. Era como se esta tivesse sido costurada. Mais tarde, o médico me informou que tinha posto uns arames dentro dela, porque eu havia machucado muito a gengiva e perdido alguns dentes. Peguei uma folha de papel e uma caneta e, através destes, arrisquei perguntar sobre o meu amigo que ocupava o banco do motorista. Sua expressão facial me revelou tudo. O pior havia acontecido. Comecei a chorar. Peguei novamente o papel, e perguntei sobre a minha mãe. Ele apontou para o para a cortina ao meu lado. Lá do outro lado tinha uma cama igual à minha. Fiz uma cara de quem não entendeu, e ele explicou. Quando soube do acidente, minha mãe não pensou duas vezes e pegou o carro para vir atrás de mim. Durante o caminho ela perdeu o controle do carro e chocou-se contra um poste. Estava em coma, agora. Me arrependi profudamente de não ter ido em direção àquela luz quando tive chance.
A minha vida acabou, e eu nem tive chance de aproveitar o fato de eu ter sobrevivido. Não tive escolha. Na madrugada, levantei-me silenciosamente da cama e dirigi-me até a cobertura do hospital. Parei de pé na ponta e olhei para baixo. Adeus.